Meu nome é Eduardo Mendes, tenho 43 anos, sou professor de Economia na UFRJ e, até janeiro de 2024, estava a dois passos de perder minha esposa, meu apartamento em Copacabana e possivelmente meu emprego. Não, não era caso de outra mulher, bebida ou drogas – era algo que muitos consideram igualmente destrutivo: minha obsessão por jogos de azar que consumia todo meu salário e tempo livre. Foi então que conheci a Pag Bet, uma plataforma que, ironicamente, acabou salvando meu casamento de 15 anos com Luciana – embora, como veremos, quase o tenha destruído novamente.
Tudo começou quando meu colega de departamento, Ricardo, mencionou casualmente durante um café no intervalo entre aulas que havia ganhado R$3.750 jogando online em uma plataforma chamada Pag Bet. Ricardo, assim como eu, era um respeitado doutor em Economia, especialista em mercados financeiros. Se ele, com todo seu conhecimento sobre probabilidade e análise de risco, estava jogando e ganhando, por que eu não experimentaria também?
Naquela mesma noite, enquanto Luciana assistia à sua novela das nove (ela nunca perdeu um capítulo de “Renascer” desde 1993), criei uma conta na Pag Bet. A primeira coisa que me chamou a atenção foi a interface limpa e moderna – nada daqueles sites que parecem ter sido desenhados em 1998 por um estagiário de TI embriagado.
A Pag Bet é uma plataforma de apostas online que oferece principalmente jogos de slots (aquelas máquinas caça-níqueis digitais que simulam as máquinas físicas de cassino). Mas também tem cassino ao vivo, apostas esportivas e outros jogos que fazem você perder a noção do tempo e, potencialmente, do seu saldo bancário.
Como professor universitário que passava horas explicando para alunos sonolentos sobre a ineficiência de jogos de azar como estratégia financeira, eu deveria saber melhor. Tenho literalmente um slide em minha aula sobre Comportamento Econômico que diz em letras garrafais: “APOSTAS = TRANSFERÊNCIA DE RIQUEZA DE PESSOAS OTIMISTAS PARA CORPORAÇÕES REALISTAS”. Mas naquela noite, depois de um dia estressante corrigindo provas de alunos que acreditavam que inflação era um tipo de doença respiratória, eu ignorei minha própria sabedoria acadêmica.
Eu poderia ter escolhido qualquer outra plataforma de apostas, mas alguns aspectos da Pag Bet me atraíram particularmente:
Minha incursão no mundo dos slots começou timidamente, com apostas de R$5. Como professor de Economia, eu tinha uma teoria sólida: começar com apostas pequenas, analisar padrões, aumentar gradualmente conforme entendesse o “algoritmo” de cada jogo. Essa abordagem científica durou aproximadamente 17 minutos, até eu ganhar R$450 em um jogo chamado “Fortune Tiger”.
Foi como se todo meu conhecimento acadêmico tivesse sido jogado pela janela. Eu, que havia publicado três artigos sobre comportamento irracional em mercados financeiros, estava gritando “É O TIGRE DA SORTE!” às 23h40, enquanto Luciana me olhava da porta do escritório como se eu tivesse sido possuído por alguma entidade patrocinada por cassinos.
Nos três meses seguintes, explorei praticamente todos os tipos de slots disponíveis na Pag Bet. Aqui estão os que mais marcaram minha jornada de autodescobrimento e quase divórcio:
Como professor universitário, meu salário era depositado religiosamente todo dia 5 – e desaparecia quase tão religiosamente por volta do dia 10. Para alimentar meu novo hobby, precisei aprender a navegar pelos métodos de pagamento da Pag Bet com a mesma dedicação que apliquei ao aprender econometria.
O processo de depósito era surpreendentemente simples – infelizmente. Quatro passos que se tornaram tão automáticos quanto avisar que “o evento da próxima quinta foi adiado para a próxima sexta” nas minhas aulas:
Se havia uma coisa em que eu era inegavelmente talentoso, era em encontrar e aproveitar cada promoção disponível na Pag Bet. Meu cérebro de economista, treinado para identificar arbitragens e otimizar recursos escassos, encontrou seu verdadeiro propósito: caçar bônus de cassino como se fossem bolsas de pesquisa.
O ponto de virada na minha jornada – e quase no meu casamento – veio três meses depois do meu cadastro na plataforma. A Pag Bet lançou uma promoção chamada “Semana do Cliente VIP”, oferecendo um bônus de 200% em depósitos acima de R$1.000. Para um professor com acesso a um cartão de crédito com limite alto e zero autocontrole, isso era o equivalente a oferecer um open bar para um alcoólatra.
Depositei R$3.000 – praticamente todo o dinheiro que havia separado para a viagem de 18 anos de casamento que Luciana planejava há meses para Fortaleza. Meu raciocínio era impecável, na minha cabeça: com o bônus, eu teria R$9.000 para jogar. Seguindo minha taxa média de retorno (calculada meticulosamente em uma planilha que recebia mais atenção que meu plano de aula), eu poderia transformar isso em R$15.000, pagar a viagem e ainda sobraria para um novo notebook.
O que aconteceu, obviamente, foi o que qualquer um dos meus alunos de primeiro período poderia prever: perdi tudo em três horas jogando “Carnaval Jackpot”. O pior não foi perder o dinheiro, mas tentar explicar para Luciana, às 4 da manhã, por que eu estava chorando na frente do computador murmurando “malditos confetes, malditos confetes” repetidamente.
Confessei tudo. Os três meses de apostas, os depósitos escondidos, o ar-condicionado novo comprado com ganhos de jogo. Para minha surpresa, em vez de pedir o divórcio imediatamente, Luciana sentou ao meu lado e disse algo que nunca esquecerei: “Eduardo, você é um idiota brilhante. Você ensina sobre os perigos das apostas, mas aposta escondido. É como um nutricionista com um freezer secreto cheio de sorvete.”
Naquela noite, entre lágrimas e promessas, fizemos um acordo: eu poderia continuar jogando na Pag Bet, mas com três condições rígidas:
E foi assim que a Pag Bet, que quase destruiu meu casamento, acabou se tornando nossa atividade de sábado à noite. Agora, jogamos juntos, com Luciana selecionando os jogos enquanto eu explico os conceitos de probabilidade e valor esperado – os mesmos que ensino na universidade e repetidamente ignoro quando estou na frente de um slot com tema de Carnaval.
Esta seria a pergunta do João, sempre preocupado com segurança cibernética depois que teve seu TikTok hackeado. Minha resposta seria: “Sim, João, a Pag Bet usa criptografia avançada e protocolos de segurança robustos. Suas informações pessoais e financeiras estão tão seguras quanto… bem, mais seguras que as notas do semestre passado quando meu laptop pegou vírus naquele site de artigos acadêmicos que definitivamente era só de artigos acadêmicos.”
Essa viria da Mariana, sempre curiosa sobre a vida pessoal dos professores. “Bem, Mariana, tudo começou com uma combinação letal de tédio acadêmico, curiosidade intelectual e o desejo profundamente humano de ganhar dinheiro sem realmente trabalhar por ele – o mesmo motivo pelo qual 70% dos seus colegas escolheram Economia como curso.”
O Paulo, que sempre senta na primeira fila mas nunca presta atenção na aula, faria essa pergunta. “Os slots com tema brasileiro tendem a ter as melhores taxas de retorno, Paulo. ‘Samba Slots’ e ‘Futebol Mania’ são particularmente generosos durante a madrugada de terça-feira, embora eu não possa explicar por que sei disso, já que teoricamente deveria estar preparando aulas nesse horário.”
Clássica pergunta do Rodrigo, que acha que curso de Economia é basicamente “como ficar rico rapidamente”. “Define ‘muito’, Rodrigo. Já ganhei o suficiente para comprar um ar-condicionado novo sem levantar suspeitas da minha esposa. Também já perdi o suficiente para ter que explicar por que precisaríamos ‘reavaliar nossas prioridades financeiras’ quanto àquela viagem para Fortaleza que estava planejada há meses. Em resumo: não, slots não são investimentos, são entretenimento – caro, viciante e ocasionalmente devastador para relacionamentos.”
A Beatriz, sempre atenta às dinâmicas de relacionamento, seria a responsável por essa pergunta indiscreta. “Surpreendentemente bem, Beatriz. Melhor do que eu merecia, para ser honesto. Em vez de mudar a fechadura e jogar minhas roupas pela janela, ela estabeleceu regras rígidas e transformou meu vício solitário em uma atividade de casal. Há uma lição aqui sobre comunicação em relacionamentos, mas como isso está fora do escopo da Macroeconomia II, sugiro que você consulte o departamento de Psicologia para mais detalhes.”
Hoje, seis meses depois da “grande confissão”, meu relacionamento com a Pag Bet – e, mais importante, com Luciana – encontrou um equilíbrio saudável. Ainda jogamos juntos aos sábados à noite, com nosso orçamento rigorosamente controlado. Luciana desenvolveu uma afinidade particular com um jogo chamado “Professor Maluco”, que apresenta um acadêmico de cabelos desgrenhados cercado por livros e símbolos matemáticos – uma coincidência que ela acha hilária e eu acho levemente ofensiva.
A ironia de um professor de Economia que leciona sobre comportamento racional dos agentes econômicos ser viciado em jogos de azar não me escapa. Na verdade, incorporei essa experiência às minhas aulas, usando minha própria irrationalidade como estudo de caso (anonimizado, obviamente). Meus alunos nunca estiveram tão engajados quanto quando discutimos “por que agentes supostamente racionais tomam decisões objetivamente irracionais” – se eles soubessem que estavam essencialmente analisando seu professor jogando “Carnaval Jackpot” às 3 da manhã em uma terça-feira…
Se há uma lição que aprendi nesta jornada, é que mesmo um PhD em Economia pode sucumbir aos mesmos vieses cognitivos que estudamos em sala de aula. E que, às vezes, salvar um casamento não é sobre nunca cometer erros, mas sobre ser honesto quando os cometemos – e talvez, ocasionalmente, sobre ganhar um jackpot no momento certo para comprar aquele ar-condicionado que sua esposa vem pedindo há anos.